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O PROJECTO: O QUE QUEREMOS

O Eixo da Rua de Santa Marta/Rua de São José (no centro de Lisboa) é um território com várias problemáticas, nomeadamente no que concerne às acessibilidades, à preservação do espaço público, à marginalidade, à degradação habitacional, aos problemas sociais da população e, sobretudo, à coesão sócio-territorial.

A primeira problemática diz respeito à ausência de uma comunidade social e territorialmente coesa, existindo antes um território segregado e isolado do tecido social e comunitário da freguesia onde se insere. Assim, a inexistência de uma Comissão Social de Freguesia ou de uma outra qualquer rede comunitária promotora da coesão e união sócio-territoriais dificulta a intervenção estruturada no território e, em última instância, o próprio desenvolvimento local. Esta lacuna é amplamente identificada pelos agentes de intervenção local como um dos impedimentos para a valorização do território.

O Eixo, apesar de ser uma zona de elevado valor histórico-patrimonial e com potencial, não consegue afirmar essas mais-valias, pois evidencia um outro tipo de problemática relacionada com o espaço público e habitacional. Assim, o valor histórico do território é sobrepujado por grafities, ruas deterioradas, estacionamento desordenado e edifícios em degradação. Porém, os próprios moradores não procuram construir e implementar soluções.

Outros problemas dizem respeito à situação social da população, nomeadamente o envelhecimento, a baixa escolaridade e a necessidade de intervenção na saúde mental e comunitária.

Este projeto pretende desenvolver uma estratégia de coesão sócio-territorial tendo em vista a promoção do desenvolvimento local, numa lógica de capacitação e empowerment da população e de mobilização de recursos presentes no território. Assim, serão criadas novas dinâmicas, redes e serviços para a comunidade, potenciando o envolvimento activo dos vários agentes locais e promovendo a autonomização no processo de identificação de necessidades, procura de soluções e monitorização de resultados.

A comunidade tornar-se-á mais activa e valorizará o território, cuidando e defendendo o que é seu.

As organizações e redes de intervenção e parceria criadas (como por exemplo, o Grupo de Intervenção Comunitária) serão dinamizadas activamente e será alargada a sua acção, procurando novos apoios e potenciando a criação de projectos próprios.

Os serviços e espaços criados para a comunidade manter-se-ão em funcionamento e será incrementado o seu âmbito, procurando abranger mais pessoas.

Este projecto tem como objectivo principal promover acções e dinâmicas que possam desencadear processos que potenciadores de mudanças, quer do ponto de vista sócio-comunitário, quer do ponto de vista territorial e urbano. Assim, pretende-se modernizar o território, promover novas práticas de cidadania activa e consciente, estimular e pontenciar a economia social e a estruturação de redes de parceiros locais. Portanto, em última instância, procurar-se-á incrementar a qualidade de vida dos moradores, da comunidade e da cidade.

Neste sentido, o objectivo geral do projecto será, efectivamente, fazer face aos desafios identificados no diagnóstico do território através de uma acção estruturada, contínua e mobilizadora. Deste modo, promover a corresponsabilidade dos moradores em relação ao território, promover a coesão sócio-territorial da comunidade, capacitar os moradores e os agentes locais para a prática da cidadania e criar novos serviços/valências para a comunidade são algumas das dimensões que constituem o objectivo geral do projecto.

Contudo, este processo potenciador de mudança só será bem sucedido se se tiver em conta as idiossincrasias do território e da população e se se envolver de forma efectiva as pessoas e as instituições que dão vida aos locais, capacitando-as e mobilizando-as para a acção comunitária.

Assim, mais do que mudanças ou melhorias do espaço da comunidade, pretende-se promover uma mudança de mentalidade e de postura.

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